Os portugueses descobriram o Brasil, mas agora é a vez dos brasileiros (re) descobrirem Portugal. Desde o ano passado, o número de brasileiros buscando oportunidades do outro lado do Atlântico disparou. Segundo informações do Gabinete de Estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (Apemip), somente no segundo trimestre de 2016, o número de brasileiros adquirindo imóveis em terras portuguesas ultrapassou o de chineses, ficando atrás apenas dos investidores britânicos e franceses.
Através dos últimos dados portugueses do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) é possível constatar que em 2014 foram concedidos 6.068 vistos de residência a brasileiros, totalizando 87.493 brazucas em Portugal. Esse número representa 22,1% dos estrangeiros que vivem legalmente no país europeu. O perfil desse público é formado, em maior parte, por estudantes matriculados em programas de especialização e doutorados, funcionários públicos, aposentados, pequenos empresários e descendentes de portugueses.
Mas além do bom negócio através de investimento em imóveis, a qualidade de vida do país europeu também tem encantado alguns brasileiros. De acordo com a mais
recente edição do relatório Fairness for Children, divulgado pela Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Portugal foi eleito como um dos 20 melhores países do mundo para criar os filhos. O país, inclusive, é o único entre os europeus que continua melhorando sua educação desde os anos 2000.
Em 2014 foram concedidos 6.068 vistos de residência a brasileiros, totalizando 87.493 brazucas em Portugal
Em setembro do ano passado o jornalista Álvaro Filho deixou o Recife e se estabeleceu em Lisboa. O objetivo era cursar um doutorado em Comunicação, mas a mudança trouxe benefícios para seus dois filhos, Mathias, de 2 anos, e Arthur, de 13 anos, que estão “tendo um grande ganho cultural”. Enquanto o mais novo está matriculado numa creche particular, o mais velho começou o ano letivo no sistema público de educação português. A língua não tem sido um obstáculo para a adaptação das crianças que frequentam as aulas em horário integral.
“As creches são privadas e a educação pública é só a partir dos três anos. O valor é proporcional ao salário dos pais: ou seja, todos estudam juntos, mas cada um paga proporcional ao que a família ganha. Ele [Mathias] ainda convive com crianças de outros países, da Itália, Índia, Bangladesh. É um ganho cultural”, explicou Álvaro.
Em 2014 foram concedidos 6.068 vistos de residência a brasileiros, totalizando 87.493 brazucas em Portugal
Já no caso do filho mais velho a educação pública portuguesa mostra uma grande diferença ante a brasileira. “Arthur começou agora pois acabou o ano letivo no Brasil. Ele está na escola, que são sempre são perto de onde se mora ou trabalha. As aulas são pela manhã e à tarde. Os pais compram o material didático, com valores proporcionais à renda da família. Além das disciplinas regulares (português, matemática, história…), ele tem aula de educação visual, tecnologia da informação. O inglês e o francês são obrigatórios”, resumiu o jornalista recifense.
Ainda segundo Álvaro Filho, apesar da qualidade de ensino ser diferenciada, o principal ganho dos filhos em morar em terras portuguesas é a autonomia conquistada. “Lisboa é a capital mais segura da Europa. Enquanto no Recife eu tinha que vigiar para ele ir no inglês a duas quadras de casa, aqui ele vai e volta sozinho, andando. Almoça com os colegas e tudo”, comentou. Álvaro e família devem voltar para o Brasil em 2019, até lá eles desfrutam das oportunidades ofertadas por um dos países onde educar os filhos é mais “fácil”.
“ Enquanto no Recife eu tinha que vigiar para ele ir no inglês a duas quadras de casa, aqui ele vai e volta sozinho, andando ”
Confira o ranking proposto pela Unicef
A Unicef coloca o território português entre os locais com mais vantagens para quem quer viver em família e proporcionar a melhor vida possível às crianças. Entre os critérios adotados para definir o ranking estão educação, saúde, rendimentos, diferença entre famílias ricas e pobres e satisfação geral com a vida.
1º – Dinamarca
2º – Finlândia
3º – Noruega
4º – Suíça
5º – Áustria
6º – Holanda
7º – República da Irlanda
8º – Estônia
9º – Eslovénia
10º – Letônia
11º – República Checa
12º – Croácia
13º – Austrália
14º – Alemanha
15º – Grécia
16º – Hungria
17º – Reino Unido
18º – Estados Unidos da América
19º – Portugal
20º – Islândia
Fonte: UOL