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Portugal busca solução para a escassez de estudantes universitários

Drama foi a palavra escolhida pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, para definir a situação criada pelo baixo índice de estudantes portugueses que consegue chegar à universidade, um problema que abriu um debate nacional.Em Portugal, 98% dos jovens de 17 anos está matriculado no secundário, seis pontos acima do número médio dos países da OCDE, embora apenas quatro em cada dez continuem os seus estudos na universidade. 

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Os números preocupam e as autoridades procuram alternativas, como eliminar as propinas universitárias, uma das alternativas apoiadas pelo conservador Rebelo de Sousa, “Significa dar um passo para terminar o que é um drama, o número elevadíssimo de alunos que terminam o ensino secundário e não têm dinheiro para estudos superiores, porque as famílias não têm condições e portanto têm que trabalhar”, disse o presidente -ex-professor universitário- durante um ato com estudantes.

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A baixa taxa de alunos afeta não só o futuro dos jovens mas o do país, que arrasta uma “demora nas qualificações”, como afirmou o chefe do Estado. A gratuidade das propinas foi acolhida com bons olhos entre os jovens. “Faz sentido que as propinas sejam reduzidas progressivamente para que os estudos sejam gratuitos”, disse à EFE João, um estudante de Direito que qualificou de “muito grave” que os jovens tenham que deixar de estudar por motivos econômicos. Num país no qual o salário médio não chega aos 900 euros por mês, estudar na universidade pública custa cerca de 5.900 euros anuais, segundo o último relatório de Custos dos Estudantes do Ensino Superior Português.

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Do total, só cerca de mil correspondem às propinas, razão pela qual outra futura advogada, Inês, se mostra favorável ao fim destas, mas considera mais urgente que se fomentem as ajudas à habitação, “Um dos grandes problemas de estudar em Lisboa é que os alugueis são muito caros. As taxas acabam por ser um segundo plano, mas acho que é uma boa iniciativa”, afirmou à EFE.

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No entanto, especialistas em educação não estão tão de acordo com a ideia, “Ao suprimir as propinas há um risco sério que o financiamento para o aluno se degrade mais, o que pode trazer consequências negativas na qualidade do ensino e até uma estratificação social”, explicou à EFE a analista de políticas de ensino superior da OCDE Cláudia Sarrico.

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Sarrico teme que mesmo quem “possa pagar vá inclusivamente para o estrangeiro e a cursos mais prestigiados, e quem não possa faça um curso que depois não tenha grande valor no mercado de trabalho”. Para a analista, uma solução mais adequada seria fomentar empréstimos com garantias do Estado que permitam ao aluno começar a pagar quando alcançar um determinado nível de rendimentos. Além disso, Sarrico identificou outros obstáculos para o acesso à universidade, como a quantidade de estudantes que optam pela formação profissional, uma via que depois dificulta a continuação dos estudos pois não são preparados para os exames de acesso à faculdade.

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A isto contribui a falta de oferta de tempo parcial que poderia ajustar-se a alunos que já estão a trabalhar e o défice de qualificações no mercado de trabalho, onde 55% dos empregados não têm o secundário, apontou a analista, pelo que não poderiam aceder diretamente à universidade.

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