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O DIA QUE EXPERIMENTEI O FAMOSO PASTEL DE BELÉM

O despertador do celular tocou e o relógio marcava 8:30h da manhã de domingo em Cascais zona nobre de Lisboa, fazia frio em Portugal, ainda não estava acostumado com o clima seco nessa época do ano, no Brasil o calor era de quase 40 graus nos últimos dias que estive por lá e era possível fritar um ovo no asfalto de Porto Alegre. A casa já estava a todo vapor, como de costume o Robson e a Patrícia já estavam brotados em frente a tela dos seus computadores. O quarto em que eu e a minha linda esposa Paloma ficamos se localiza na parte de trás do apartamento, com a janela para a rua, então toda manhã escutamos o vento bater no vidro, junto com a movimentação da casa. Era domingo, estávamos em solo Português há apenas uma semana.

Saímos de casa aproximadamente 15h da tarde, o tempo estava fresco e com apenas um casaco era possível não passar frio. Entramos todos no carro, eu, Paloma, Robson, Patrícia, Sarah e a doce Maria Clara, todos em busca do encantado pastel.

As estradas de Cascais são lisas como um enorme tapete e pelas calçadas as pessoas caminhavam levemente sem ao menos se preocuparem a sua volta, foi realmente incrível, tiravam fotos, mexiam em suas carteiras sem temer um assalto. Essa cena representava algo novo para mim, no Brasil havia sido assaltado no mínimo duas vezes em frente a minha casa em Porto Alegre- Rio Grande do Sul, a violência estava chegando em um nível absurdo, mas voltando… O céu de Portugal é de um azul claro e as nuvens pareciam balões voando. Passamos em frente a praia de Carcavelos e o povo já estava entrando na água do mar, coragem!! Há uns dias atrás tentei entrar apenas com os pés nessa mesma água e senti congelar na hora, então se você acha a água do Brasil gelada é porque ainda não sentiu o gelo que é por aqui.

Estacionamos o carro ao lado do Padrão dos Descobrimentos, bem onde lá no passado há muitos anos atrás as caravelas saíram na busca de explorar por novas terras, e acabaram vindo parar no Brasil. E assim foi, o monumento estava cercado de pessoas, acredito que muitos turistas (a taxa de turismo é bem alta em Portugal), e todos tiravam fotos, então tiramos também, tirei fotos da Paloma, a Paloma tirou fotos minha, Robson tirou fotos da Patrícia, Patrícia tirou fotos do Robson e Robson tirou fotos com a Maria Clara. O monumento fica na Av. Brasilia em Lisboa bem perto ou quase ao lado da charmosa Torre de Belém. Ouvia pessoas falando em francês, inglês, espanhol e muitas outras línguas, mas todas pareciam admirar muito o que estavam olhando. O monumento era enorme, é de admirar como o povo Português faz questão de preservar os seus monumentos com a intenção de valorizar toda a história do seu país, estão certíssimos.

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Ao lado do padrão dos descobrimentos descemos uma escadaria, que nos levou para o outro lado da avenida bem em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, e aquilo era tão bonito, o gramado verde, trazia a forte sensação de estar bem em frente a um palácio, estávamos na praça do império. E chegando mais perto foi possível ver com detalhes, que não se tratava de um palácio, mas sim de uma igreja. Seguimos em frente, atravessamos uma avenida bem movimentada, passamos em frente a um Starbucks cafeteria, um beco bem estreito e ao lado estava a famosa Pastelaria de belém. Loja era repleta de lajotas, e todas elas pareciam ter sobrevivido por um tempo, em frente tinha uma fila enorme e eu filmando tudo, então Robson comentou que todas os dias a pastelaria está lotada, que vem gente de todo o lugar do mundo apenas para provar o pastel. Eu não entendia, como assim pessoas vêm de tão apenas para comer um pastel que é menor do que a palma da minha mão?

Entramos na pastelaria e podemos ver como eram feitos os pastéis, e tudo era tão retrô e bonito. A loja era muito aconchegante, e movimentada, as paredes tinham lajotas, tivemos que esperar por uns 10 minutos até conseguirmos lugares. Sentamos em uma mesa bem ao canto da parede, e a Pati falou que eram feitos aproximadamente diariamente 20 mil pastéis. Pedimos 12 pastéis de belém, a moça trouxe todos acompanhados de cafezinhos, um suco de laranja e 2 refrigerantes.

Finalmente chegou a grande hora, a hora de experimentar um dos doces mais famosos do mundo, aquele doce que eu pesquisava quando estava no Brasil e agora tinha a chance de provar. Na primeira mordida pude sentir que o pastel era muito delicioso e crocante, a nata parecia ser feita na hora, sou suspeito para falar, afinal gosto de tudo que contém nata. Então, pergunto se valeu a pena atravessar quase a cidade para provar o Pastel. Saborear o pastel não foi simplesmente uma experiencia gastronômica, mas sim histórica, cada mordida me deixava mais perto da história de Portugal, mais perto de sentir a receita que desde 1834 vem sendo extremamente secreta e protegida, e que na época para poder provar o famoso pastel os moradores de Lisboa precisavam pegar um barco a vapor para poder comer. Então aqui eu digo que valeu a pena sim e espero voltar muitas vezes. Portugal é silencioso, misterioso, difícil não se apaixonar.

23 de março de 2019.

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